quarta-feira, 14 de maio de 2008

Fassbinder - Café

No Sábado mais uma ida ao Teatro...Ver uma peça chamada Fassbinder-Café.
Ficha técnica:
O Café [Das Kaffeehaus (1969)], de Rainer Werner Fassbinder.
Tradução: Claudia Fischer
Direcção: Nuno M Cardoso,
com a colaboração de: Ricardo Pais
Música: VortexSoundTech
Desenho de luz: Rui Simão
Interpretação: Fernando Moreira, Joana Manuel, João Castro, Jorge Mota, José Eduardo Silva, Lígia Roque, Marta Freitas, Paulo Freixinho, Pedro Almendra, Pedro Frias e Tatsumaki (música ao vivo)

Mestre de armas: Miguel Andrade Gomes
Preparação vocal e elocução: João Henriques
Assistente de encenação (estagiário): Pedro Ribeiro
Produção: TNSJ
Sinopse:
"Não é possível perceber se o café sabe bem a Don Marzio. Mas também não é para isso que se bebe o café de Ridolfo, para saber bem a quem quer que seja. É mero pretexto para conversas. E aqui as conversas valem muito, porque aquele café está bem situado, entre casa de jogo e bordel, e nele o gangster Trappolo serve os fregueses. Diz-se que tem dinheiro, ele próprio também o diz, conta histórias de minas de ouro descobertas no Arkansas e no Arizona – e sei lá mais quê… Seja como for, em breve Leander, que se apresenta como forasteiro e nobre, o suplantará em riqueza, porque há dias que aposta no nove nas mesas de Pandolfo e ganha dezoito vezes a quantia apostada. E Eugenio, o belo rapaz louro, tem de arrombar alguns santuários. Hoje são os brincos que ofereceu a Vittoria como prova de amor, e de que Marzio acaba de informar que foram depositados como penhor num joalheiro, contra algum dinheiro vivo. A conversa é escutada por Lisaura, que já entrou em intimidades com o conde Leander, acabado de entrar, e lhe pede o par de brincos como prova de fidelidade que ele entretanto já jurou a outra, da qual fugiu e que agora anda em busca dele. Chama-se Placida, e começa por fazer da sua vida um mistério, enquanto Trappolo faz da sua um drama e, imprudentemente, oferece a Don Marzio a sua fortuna para especulações. E o dinheiro é coisa que qualquer um gosta de esquecer quando o tem – pelo menos o lugar onde o foi buscar. E é um bom homem, aquele criado de mesa: ajudou Eugenio, para ele poder continuar a jogar e recuperar Vittoria, que antes o tinha deixado porque andava no jogo (e ainda por cima não ganhava).
Pandolfo bem gostaria de ver estes dois jovens, Eugenio e Vittoria, como herdeiros do seu salão de jogo, porque está endividado até ao pescoço – e até então lá foi engolindo a idade e as dívidas com umas xícaras de café na casa de Ridolfo. Mas agora está farto, tal como Ridolfo atrás do seu balcão, sem querer saber de criados nem de Deus Nosso Senhor. Pois semeou desejos de sobra, para que crescessem a ordem e a abundância. Trappolo deseja a amizade de Eugenio e paga; Leander paga e deseja a velha lei do poder só masculino; todos os desejos de Lisaura têm de se pagar; Vittoria deseja ter Eugenio de volta, e está disposta a pagar com trabalho no salão de Pandolfo. Placida deseja um homem chamado Flaminio Ardenti – e todos desejam paz e sossego. Com tantos desejos, que coisas são boas, que coisas são más? Seja como for, o conde Leander foge, o seu nome é Flaminio Ardenti, é ele quem Placida procura e acaba por encontrar; Trappolo continua a viver a tragédia da sua vida; Ridolfo paga as dívidas com as receitas do café; Don Marzio pode agora comprar Lisaura e é um bom homem, com ou sem dinheiro; Pandolfo tem Eugenio que tem Vittoria e os dois têm agora a casa de jogo de Pandolfo; um tem o bem merecido descanso, o outro tem o seu dinheiro ou o dinheiro de qualquer um, um tem romantismo e amor, o outro fidelidade e honestidade. Cada um ficou com uma fatiazinha do grande bolo, vive contente e bebe o seu café no estabelecimento de Ridolfo, onde ele não é melhor do que noutro lugar qualquer…"
* Citado por Botho Strauss – “Ein Traum von einem Stück und böse kleine Leute”. Theater Heute. Nr. 10 (Okt. 1969). p. 16.
Tradução João Barrento.

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