quarta-feira, 31 de outubro de 2007
Os contos de fadas no bailado
sábado, 27 de outubro de 2007
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
God is an Astronaut - Coda
Uma banda revelação...Muito bons. Actuaram em Portalegre no Sábado passado. Quem gostar e quiser aproveitar para os ver ao vivo tem que esperar para o ano...Prometeram voltar.
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
Teatro
Uma das coisas que me fascinou bastante, além da peça em si, foi o interior do edifício. A sala de espectáculo e os principais salões são majestosos. As paredes e o tecto estão decorados em talha dourada. A sala, onde decorreu o espectáculo, também tem as paredes decoradas da mesma forma e no tecto existe um magnífico fresco dos pintores Acácio Lino e José de Brito. As cadeiras, a cortina e a restante sala são forradas a veludo bordeaux. Ambas as salas são amplas - mais parecem saídas dos bailes dos palácios reais, nos contos infantis.
Foi a segunda vez que lá entrei, mas pareceu como se fosse a primeira - o deslumbramento foi o mesmo.
Quem não viu a peça, aconselho a fazê-lo e podem aproveitar para se deliciar com as vistas do Teatro Nacional de S. João.
sábado, 13 de outubro de 2007
Fotografias da Festa de Al Mossassa
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
Contos da minha infância
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
My Fairie Name
Dia Mundial dos Animais deve ser todos os dias :)
Por que o dia Mundial dos Animais é dia 4 de outubro ?
Porque este é o dia de São Francisco de Assis, o Protetor dos Animais.
Sim, cada um de nós pode fazer alguma coisa para ajudar a protegê-los.
domingo, 7 de outubro de 2007
Árvore Genealógica das Fadas
Na peça Sonho de Uma Noite de Verão, Shakespeare dá à Rainha o nome de Titânia, um nome dado pelo poeta romano Ovídios às filhas de Titãs em geral e a Selene - uma das formas de Diana - em especial. Já seu contemporâneo, Edmund Spenser, a chamou de Gloriana no poema The Faerie Queene, dedicado à rainha Elizabeth I.
Ao marido de Titânia, Shakespeare deu o nome inglês tradicional de Oberon, derivado do francês Auberon ou Alberon, que por sua vez vem do alemão Alberich, "rei dos elfos" - que na Canção dos Nibelungos é o rei dos anões que guarda o tesouro cobiçado e afinal conquistado por Siegfried.
A confusão entre elfos e anões pode parecer absurda para fãs de O Senhor dos Anéis de Tolkien e dos jogos de RPG, mas era perfeitamente natural para os povos nórdicos e germânicos. Seus elfos eram originalmente deuses menores da natureza e da fertilidade ou espíritos dos mortos.
Seu nome - Elf em inglês e alemão, Alv (macho) ou Älva (fêmea) em sueco - deriva de uma raiz indo-européia que significa "alvo, branco", mas o mais famoso dos autores de sagas vikings, Snorri Sturluson, garantiu, no século XIII, que há dois tipos de elfos: os ljósálfar, elfos de luz, que vivem no céu (num lugar chamado Álfheimr) e os svartálfar (elfos negros) ou dökkálfar (elfos da sombra), que vivem no subsolo. Estes últimos, segundo ele, são o mesmo que dvergar (anões, em inglês dwarves). O rei dos "elfos da sombra" é Völundr, deus ferreiro conhecido pelos saxões como Weyland e protótipo dos anões artesãos do folclore. Nada a ver com os orcs e uruk-hai de Tolkien, nem com os drows dos RPGs.
Associadas a águas e grutas, confundidas com fadas, bruxas e anjas, as janas e sácias lembram as ninfas e náiades da mitologia grega e as rusalkas e vilas das lendas eslavas (chamadas "veelas" em Harry Potter e o Cálice de Fogo), famosas por atraírem belos jovens para o afogamento.
Também recordam as "damas do lago" das lendas arturianas. Uma delas, Viviane, criou sir Lancelot e deu ao rei Artur a famosa espada Excalibur; outra, chamada Nimue ou Nyneve (quando não a mesma Viviane), tem um caso de amor com Merlin e aprende sua magia, mas acaba por aprisioná-lo para sempre numa árvore, rocha ou castelo. A mais famosa, a fada Morgana, conspira na lenda clássica contra o meio-irmão Artur e acaba por causar sua perdição. Vale notar que os marinheiros italianos chamam de Fata Morgana uma miragem comum no estreito de Messina, produto da distorção de penhascos pela refração do ar, que dá a ilusão de pináculos ou castelos de altura fantástica.
Tanto os nomes de Nimue quanto o de Morgana derivam de antigas deusas celtas, que provavelmente foram as "rainhas das fadas" originais. Uma versão dá à primeira "dama do lago" o nome de Argante, de Ard Righan (Alta Rainha), epíteto de várias deusas celtas.
Outra analogia clara é com as banshees do folclore celta - de bean sidhe, mulheres sidhe. Sidhe, Sith (alguém mencionou George Lucas?), Shee ou Si, conforme o dialeto, são os deuses e espíritos da natureza celtas, análogos aos elfos germânicos e às janas latinas.
O nome sidhe, por sinal, referia-se originalmente às colinas nas quais esses seres - originalmente Tuatha de Danaan (filhos de Dana, a deusa-mãe irlandesa) - teriam se refugiado após a invasão da Irlanda pelos mortais. A mais famosa dessas colinas, Newgrange, é na realidade um grande túmulo pré-histórico, como as "casas das janas" da Sardenha. Aliás, elfos e elfas "das sombras" germânicos e nórdicos também vivem em colinas e montes de pedras.
Também se encontra, em Portugal e Galiza, o nome de xaira. Há, perto de Bragança, Portugal, uma localidade chamada Curriça (estábulo) das Xairas. Talvez uma variante do nome árabe Zaira (Zahirah, rosa), relacionado a uma obscura santa espanhola ou às "mouras encantadas" do folclore português.
Supostamente são jovens muçulmanas enfeitiçadas para guardar os tesouros abandonados pelos mouros expulsos da Península Ibérica. Aparecem junto de nascentes, rios, grutas, ruínas de fortalezas pré-históricas conhecidas como "castros" ou "citânias". Não é preciso dizer que túmulos pré-históricos como os dólmens (comuns em Portugal, onde são chamados antas, palas, orcas ou arcas) são também chamados de "casa da moura" ou "toca da moura".
Vistas a cantar e se pentear com pentes de ouro, as mouras prometem seus tesouros a jovens dispostos a desencantá-las com certas oferendas (geralmente de pão ou leite), de preferência no dia de São João. Vale notar que, em tempos pagãos, pão era oferecido aos mortos e leite às fontes e às serpentes. Às vezes, as mouras tomam a forma de mulher-serpente ou têm asas e vivem em um lugar mítico conhecido como "mourama".
Tudo isto parece ter muito pouco a ver com os mouros históricos - mesmo que se queira pensar nas gênias das Mil e Uma Noites. Será que os portugueses, depois de expulsarem os mouros propriamente ditos, não confundiram seu nome com o de entidades muito mais antigas? No folclore basco, há a já mencionada Mari e os Mairu, gigantes que construíram os dólmens e outros monumentos pré-históricos. Nas línguas celtas, mori pode ser lago, mar ou pântano, morwen ou mahra, espírito e mori-morwen, um espírito das águas análogo às janas. Nas ilhas Britânicas, nomes como Muir, Mor, Mhor, More e mesmo Moor (que pode também significar "mouro"), cognatos do celta mori, estão freqüentemente associados a monumentos megalíticos.
Seria ainda mais interessante se "mouras" fossem, na verdade, descendentes das Moiras da mitologia grega - Cloto, Láquesis e Átropos, as deusas do destino, temidas pelos próprios olímpicos, que fiam com sua roca a vida dos mortais, medem-na com uma régua e decidem seu fim com a tesoura, assim como faziam suas equivalentes nórdicas, as Nornas. Eram conhecidas pelos romanos como Parcas ou Fatas - ou seja, as Fadas - e apareciam no terceiro dia do nascimento de uma criança para determinar o curso de sua vida. Assim como as simpáticas fadas-madrinhas da Bela Adormecida e dos "contos de fadas", prontas a conduzir os personagens a seus destinos apropriados - ou, como diriam os lusos, a seu "fado".
As janas lembram também as nixes do folclore escandinavo e germânico (a mais famosa dos quais foi a Lorelei do poema de Heinrich Heine), seres que mudavam de forma à vontade, mas freqüentemente apareciam como belas mulheres cujas canções seduziam barqueiros e pescadores para se afogarem no rio.
Suas canções também anunciavam mortes às famílias que as ouviam, assim como os lamentos e gemidos das banshees irlandesas e das "damas brancas" do folclore francês de origem celta, principalmente da Normandia e Bretanha e as aparições dos elfos germânicos. As "damas brancas" também eram conhecidas por forçar os viajantes a dançar ou responder enigmas. Atormentavam ou perdiam aqueles que se recusavam a dançar ou davam a resposta errada.
Uma delas, Melusina, ao se casar com um mortal, teria dado origem a várias dinastias européias. Segundo a versão mais conhecida da lenda, Melusina casou-se com o conde Raymond de Poitou com a condição de que ele jamais entrasse em seu quarto no sábado. Deu-lhe vários filhos, mas um dia ele quebrou a promessa e a viu transformar-se em uma mulher-serpente (atenuada em algumas versões posteriores, para mulher-peixe). Ela o perdoou, mas um dia, num momento de raiva, ele o chamou de "serpente" na frente da corte e ela decidiu abandoná-lo. Tomou a forma de um dragão e saiu voando, para nunca mais voltar.
Estas lendas parecem ter moldado, mais que as antigas sereias gregas (que eram mulheres-aves e não mulheres-peixes), a concepção européia das sereias - ou, mais propriamente, ondinas, nome dado aos espíritos d¿água em 1566 pelo médico e alquimista Paracelso no seu "Tratado sobre os Espíritos Elementais". Ele também chamou de "silfos" espíritos do ar como os "elfos da luz" nórdicos (talvez do latim sylva com o grego nympha), "gnomos" ou "pigmeus" os espíritos da terra (como os anões nórdicos) e "salamandras" os espíritos do fogo.
Ondina do romance do alemão Friedrich de la Motte Fouqué se casa com um cavaleiro e assim ganha uma alma, mas o marido a abandona po outra mulher. Ela volta à água, mas no casamento do marido com a segunda esposa, reaparece e tira-lhe a vida com um beijo. Em outra versão, Ondina sacrifica a imortalidade para se casar com um cavaleiro e dar-lhe um filho, mas então envelhece e encontra o marido adormecido no estábulo com uma amante. Ela então o acorda e amaldiçoa - continuará a respirar enquanto estiver acordado, mas morrerá quando voltar a dormir. Por causa dessa lenda, uma forma de apnéia noturna - síndrome que priva certas pessoas de respiração durante o sono - é também conhecida como "maldição de Ondina".
Há também, é claro, a Pequena Sereia do dinamarquês Hans Christian Andersen, que dispensa apresentações. A semelhança de alguns desses mitos com a nossa iara também não deve ser acaso. Muitos de nós aprendemos na escola que a iara era uma lenda indígena, mas essa não é toda a verdade.
Do século XVI ao XVIII, nossos índios não conheciam a iara e sim o Ipupiara, Igpupiara ou Hipupiara, um monstro marinho e antropófago, do sexo masculino. Uma crônica conta que um ipupiara apareceu em 1564 na praia de São Vicente (SP), a primeira vila brasileira, e aterrorizou a escrava índia Irecê, que ia encontrar o amante na praia e viu a aparição do monstro como um castigo. O ipupiara, aparentemente, já matara seu amante, Andirá. Fugiu apavorada, mas no caminho encontrou o capitão Baltazar Ferreira, representante em São Vicente do capitão-mor Pedro Ferras Barreto, que residia em Santos. Este enfrentou o monstro e o abateu a golpes de espada. É provável que o ipupiara fosse um leão-marinho, animal pouco conhecido e assustador para os índios do litoral paulista, pois raramente aparece em tais latitudes.
Mais tarde, esse ser se confundiu com a boiúna ou cobra-grande das lendas amazônicas, uma sucuri negra, gigantesca e voraz que também podia tomar forma de embarcação. Também conhecida, a partir do século XVIII, como mãe-d¿água, passou a ser também imaginada como mulher.
É só no século XIX que aparece o nome enganosamente indígena de uiara ou iara, romanticamente imaginada como uma versão tropical e indígena das janas, nixes e loreleis do folclore europeu, a arrastar os incautos para a morte nos igarapés com sua beleza ou seu canto. Assim como Janaína, que tudo indica, não é totalmente africana, a Iara não é totalmente indígena. Ambas devem ter sangue português. Uma mulata, outra cabocla, ambas seriam mestiças e cem por cento brasileiras.
As Fadas Escuras
No lugar de temer estas fadas, devemos ser espertos e procurar sermos seus amigos. As que vivem dentro de nossas casas irão nos proteger e abençoar. As que moram fora, no pátio por exemplo (e elas estão em toda a parte!), cuidarão de nossa propriedade e ajudarão fazendo com que nossas plantas e árvores cresçam fortes, permitindo ainda, que encontremos alguma pedra ou tesouro que nos auxilie nos trabalhos de magia.
O Povo Pequeno serve de barômetro para aferir o estado de vibrações de sua casa. Se estiver atraindo ou enviando energias negativas, eles ficam quietos e se afastam. Eles também, atraem a sua atenção para o problema se você não o notar imediatamente.
By: Rosane Volpatto
sábado, 6 de outubro de 2007
Ilustrações de contos de fadas populares
Gustave Duré: A Bela Adormecida
Contos de fadas
A palavra portuguesa "fada" vem do latim fatum (destino, fatalidade, fado etc). O termo se reflete nos idiomas das principais nações européias: fée em francês, fairy em inglês, fata em italiano, Fee em alemão e hada em espanhol. Por analogia, os "contos de fadas" são denominados conte de fées na França, fairy tale na Inglaterra, cuento de hadas na Espanha e racconto di fata na Itália. Na Alemanha, até o século XVIII era utilizada a expressão Feenmärchen, sendo substituída por Märchen ("narrativa popular", "história fantasiosa") depois do trabalho dos Irmãos Grimm. No Brasil e em Portugal, os contos de fadas, na forma como são hoje conhecidos, surgiram em fins do século XIX sob o nome de contos da carochinha. Esta denominação foi substituída por "contos de fadas" no século XX.
Fadas são entidades fantásticas, características do folclore europeu ocidental. Apresentam-se como mulheres de grande beleza, imortais e dotadas de poderes sobrenaturais, capazes de interferir na vida dos mortais em situações-limite. As fadas também podem ser diabólicas, sendo corriqueiramente denominadas "bruxas" em tal condição; embora as bruxas "reais" sejam usualmente retratadas como megeras, nem sempre os contos descrevem fadas "do mal" como desprovidas de sua estonteante beleza.
As primeiras referências às fadas surgem na literatura cortesã da Idade Média e nas novelas de cavalaria do Ciclo Arturiano, tomando por base textos-fontes de origem reconhecidamente céltico-bretã. Tal literatura destaca o amor mágico e imortal vinculado às figuras de fadas como Morgana e Viviana, o que evidencia o status social elevado das mulheres na cultura celta, na qual possuíam uma ascendência e um poder muito maiores do que entre outros povos contemporâneos (ou posteriores). Conforme destaca Coelho (1987, p. 34):
Na maioria das tradições, as fadas aparecem ligadas ao amor, ou sendo elas próprias as amadas, ou sendo mediadoras entre os amantes. A partir da cristianização do mundo, foi esse último sentido que predominou, perdendo-se completamente aquela outra dimensão "mágica", sobrenatural.
Características dos contos de fadas: Podem contar ou não com a presença de fadas, mas fazem uso de magia e encantamentos;
Seu núcleo problemático é existencial (o herói ou a heroína busca a realização pessoal);
Os obstáculos ou provas constituem-se num verdadeiro ritual de iniciação para o herói ou heroína;
Morfologia dos contos de fadas: Em seu famoso estudo sobre o conto maravilhoso (no qual inclui os contos de fadas), V.I. Propp afirma que ele "atribui freqüentemente ações iguais a personagens diferentes" (Propp, 1984, p. 25). Estas ações (mais adiante denominadas "funções") nos permitiriam estudar os personagens dos contos a partir das mesmas. Tendo isto em vista, Propp elabora quatro teses principais:
"Os elementos constantes, permanentes, do conto maravilhoso são as funções dos personagens, independentemente da maneira pela qual eles as executam. Essas funções formam as partes constituintes básicas do conto."
"O número de funções dos contos de magia conhecidos é limitado."
"A seqüência das funções é sempre idêntica."
"Todos os contos de magia são monotípicos quanto à construção."
Contudo, as teses de Propp foram objeto de críticas, particularmente por parte do antropólogo Claude Lévi-Strauss. No ensaio "A estrutura e a forma" (publicado nesta mesma edição da obra de Propp), ele observa:
Vimos que o conto de fadas é uma narrativa explicitando funções, cujo número é limitado e cuja ordem de sucessão é constante. A diferença formal entre vários contos resulta da escolha, operada individualmente, entre as trinta e uma funções disponíveis e da eventual repetição de certas funções. Mas nada impede a realização de contos com a presença de fadas, sem que a narrativa obedeça à norma precedente; é o caso dos contos fabricados, dos quais podemos encontrar exemplos em Andersen, Brentano e Goethe. Inversamente, a norma pode ser respeitada apesar da ausência de fadas. O termo 'conto de fadas' é, pois, duplamente impróprio.
Sua origem é celta.
O significado oculto dos contos de fadas: Ao longo dos últimos 100 anos, os contos de fadas e seu significado oculto têm sido objeto da análise dos seguidores de diversas correntes da Psicologia. Cashdan (2000, p. 33), por exemplo, sugere que os contos seriam "psicodramas da infância" espelhando "lutas reais". Na visão de Cashdan (2000, p. 25), "embora o atrativo inicial de um conto de fada possa estar em sua capacidade de encantar e entreter, seu valor duradouro reside no poder de ajudar as crianças a lidar com os conflitos internos que elas enfrentam no processo de crescimento".
Cashdan (2000, p. 28) prossegue em sua análise sobre a vinculação entre os contos de fadas e os conflitos internos infantis:
Cada um dos principais contos de fadas é único, no sentido em que trata de uma predisposição falha ou doentia do eu. Logo que passamos do "era uma vez", descobrimos que os contos de fada falam de vaidade, gula, inveja, luxúria, hipocrisia, avareza ou preguiça - os "sete pecados capitais da infância". Embora um determinado conto de fada possa tratar de mais de um "pecado", em geral um deles ocupa o centro da trama.
O processo pelo qual as crianças podem utilizar os contos de fadas na resolução de seus próprios problemas é explicitado mais adiante (Cashdan, 2000, p. 31):
O modo pelo qual os contos de fada resolvem esses conflitos é oferecendo às crianças um palco onde elas podem representar seus conflitos interiores. As crianças, quando ouvem um conto de fada, projetam inconscientemente partes delas mesmas em vários personagens da história, usando-os como repositórios psicológicos para elementos contraditórios do eu.
Já os jungianos, vêem nas personagens dos contos "figuras arquetípicas", que, segundo Franz (1995, p. 18), "à primeira vista, não têm nada a ver com os seres comuns ou com os caracteres descritos pela Psicologia".
A evolução dos contos de fadas: Diferentemente do que se poderia pensar, os contos de fadas não foram escritos para crianças, muito menos para transmitir ensinamentos morais (ao contrário das fábulas de Esopo). Em sua forma original, os textos traziam doses fortes de adultério, incesto, canibalismo e mortes hediondas. Segundo registra Cashdan (2000, p. 20):
Originalmente concebidos como entretenimento para adultos, os contos de fadas eram contados em reuniões sociais, nas salas de fiar, nos campos e em outros ambientes onde os adultos se reuniam - não nas creches.
Mais adiante, Cashdan (2000, p. 20) exemplifica:
É por isso que muitos dos primeiros contos de fada incluíam exibicionismo, estupro e voyeurismo. Em uma das versões de Chapeuzinho Vermelho, a heroína faz um striptease para o lobo, antes de pular na cama com ele. Numa das primeiras interpretações de A bela adormecida, o príncipe abusa da princesa em seu sono e depois parte, deixando-a grávida. E no conto A Princesa que não conseguia rir, a heroína é condenada a uma vida de solidão porque, inadvertidamente, viu determinadas partes do corpo de uma bruxa.
Ainda conforme Cashdan (2000, p. 23), "alguns folcloristas acreditam que os contos de fada transmitem 'lições' sobre comportamento correto e, assim, ensinam aos jovens como ter sucesso na vida, por meio de conselhos.(...)A crença de que os contos de fada contêm lições pode ser, em parte, creditada a Perrault, cujas histórias vem acompanhadas de divertidas 'morais', muitas das quais inclusive rimadas". E ele conclui: "os contos de fada possuem muitos atrativos, mas transmitir lições não é um deles" (2000, p.24).
Informação recolhida da Wikipédia