quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Fala da criada dos noailles


Autoria e encenação: Jorge Silva Melo  
Cenografia e figurino: Rita Lopes Alves

"Há um final apoteótico, com os fantasmas de 32 mecenas a invadir a cena, entre eles Peggy Guggenheim, Calouste Gulbenkian, Catarina da Rússia, e mais um, o conde Charles de Noailles, que no Natal de 1929 deu carta branca a Luis Buñuel para realizar L’Âge d’Or, filme-escândalo que agitou a sociedade parisiense de então. Livremente inspirada em O Meu Último Suspiro, livro de memórias do realizador espanhol, e nas botinas do seu Diário de uma Criada de Quarto, esta “pequena paródia” de Jorge Silva Melo foi um dos “divertimentos” lidos em 2007 em Mecenas, Mecenas, evento onde se teatralizaram as relações entre mecenas e artistas, casais eternamente condenados à suspeição e ao amor. Numa noite do Inverno de 1975, uma criada anuncia a visita de Buñuel ao palacete de Hyères, onde ainda vive o conde de Noailles, oportunidade para rememorar os loucos anos 20 e o seu perfume de libertinagem sexual e artística. Mas as jóias de família já se foram, as lâmpadas do lustre fundiram-se, a gripe surrealista deu lugar ao colesterol. Para que serve a arte, e o dinheiro? A resposta, provocatória, surge numa cantiga/apêndice desta Fala da criada dos Noailles que no fim de contas vamos descobrir chamar-se também Séverine numa noite do Inverno de 1975 em Hyères: “A arte não serve para nada. Só para gastar dinheiro”. "

By: TNSJ

A Gaivota


De Anton Tchékhov encenação Nuno Cardoso, no teatro Nacional de São João.

"A estreia foi um fiasco, em São Petersburgo, corria o ano de 1896. Reza a história que Anton Tchékhov abandonou o teatro jurando a si mesmo não voltar a escrever para o palco. No final da temporada, a peça era já um êxito e acabaria por se tornar o emblema do Teatro de Arte de Moscovo de Stanislavski e companhia. Que assim tenha acontecido não deverá surpreender, pois que é a contradição – entre sucesso e fracasso, como entre sonho e realidade ou entre as convenções e as “novas formas” – que atravessa A Gaivota, peça com que o TNSJ abre a temporada 2010/2011. Rodeado pelos seus mais regulares colaboradores, Nuno Cardoso acerca-se deste teatro que fala de si próprio e ama a vida toda, acrescentando à sua galeria de belos vencidos as personagens de Tréplev, Arkádina, Nina e Trigórin – criaturas que persistem em colocar a fasquia da existência muito acima da sua capacidade de impulsão, gente irresistivelmente votada ao fracasso, ou a descobrir a insuficiência de todo o êxito. É o regresso de Nuno Cardoso ao universo do dramaturgo russo, depois de nos ter surpreendido com Platónov, produção do TNSJ considerada pelo jornal Público como o melhor espectáculo teatral de 2008, também merecedora de uma Menção Especial da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro. “Subimos o pano às nove e meia em ponto, quando nasce a lua.”"

By: TNSJ